Ensaio 4 - A Vida do Eu
Sobre donde vem nossos pensamentos
Sobre donde vem nossos pensamentos
Donde vem os pensamentos ?
É dito que o Eu cria pensamentos, isto é, corpos, cérebros, estão parados em stand by esperando um ato de comando, de criação do Eu consciente. Há esse distinto sentimento de que um está acima de seus corpos, à parte, e se sente a fonte de tudo que aparece em sua mente.
Essa impressão é falsa.
As pessoas são seus corpos, de cada átomo ao complexo sistema nervoso central, o que é dizer, seus corpos são o que dão o tom e ritmo, a cor e o brilho da sua vida mental, seus pensamentos, sejam verbais, sensoriais, imagéticos.
Nenhuma entidade nesse universo pode criar pensamentos. Pensamentos possuem antecedentes como qualquer outro evento da natureza, Lavoisier não estava fazendo malabares com as palavras quando disse: "Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".
Donde vem os pensamentos? Dentre as diversas respostas que essa pergunta pode ter há basicamente dois caminhos que um pode escolher seguir, dizer que seus pensamentos vêem dos céus, de outro relmo, do espírito, da alma, de um outro plano metafísico. Ou um pode dizer que emerge do mundo material, da fisicalidade e substância que faz esse mundo fundamentalmente concreto.
Nossos pensamentos são resultados diretos da nossa atividade cerebral, se não daí donde mais viriam?
Imagine um urso polar de duas cabeças.
Pergunto: Como imaginou um urso polar de duas cabeças? Um pode dizer: “Eu simplesmente imaginei, comandei a minha mente e voilà, lá está ele”.
Aqui vai uma descrição de alto-nível mais ou menos razoável do que acontece. Os raios luminosos refletidos pela tela com a linguagem "urso polar de duas cabeças" atingiram seus olhos, a energia luminosa foi transformada em energia eletroquímica através do seu sistema visual e foi enviada para o seu cérebro, lá a mensagem foi decodificada eletro-quimicamente, e os conceitos "urso polar", e "duas cabeças" foram resgatados e fundidos, até que uma imagem, como consequência da atividade cerebral, aparece em sua mente, como se em um emulador interno da visão.
Subjetivamente, isto é, na sua experiência interna e consciente, todo esse processo acontece no escuro, e por isso talvez a inclinação para atribuir fontes misteriosas e não-inspecionáveis aos nossos pensamentos.
A imagem do urso polar de duas cabeças, ou qualquer outro pensamento, seja em forma, linguística, imagética, sonora, só aparece em sua mente se, e somente se, esses eventos físicos e materiais, a emissão, recepção, e transformações de energia acontecerem. Não há pensamento sem que a fisicalidade necessária aconteça no substrato que chamamos de nosso organismo.
Natureza não performa mágica, sim, ótimos truques.
Por Yuri Santana
Arte por Phalguni Roy - Chasing Destiny
E-mail: yurisantana0001@gmail.com