Ensaio 2 - O Parto do Eu
Sobre a origem do Eu e donde vem nossa vida mental
Ensaio 2 - O Parto do Eu
Sobre a origem do Eu e donde vem nossa vida mental
O Eu comanda, o cérebro acata e o corpo responde. O Eu comanda, o cérebro emite sinais neurofisiológicos ao sistema motor, a musculatura é ativada e nosso braço levanta. Na origem dessa corrente de eventos temos uma entidade chamada Eu que opera de forma independente do nosso cérebro e corpo, é o Eu, essa entidade mental que está funcionando acima de toda essa nossa mera terrena existência.
Essa descrição do Eu faz Voltaire revirar em seu caixão. Supostamente, é dito, que o Eu está no topo das nossas cabeças, na sala de controle, é lá que está o Eu pressionando botões e movendo alavancas, tomando todas as decisões do que pensamos ou não pensamos, do que fazemos ou não fazemos.
É comumente acreditado que existe um mistério aqui, um mistério totalmente indecifrável, como pode uma entidade imaterial, indetectável, metafísica, influenciar o mundo material? Como o Eu pode mover, controlar o meu corpo?
Existem dois tipos de Eu normalmente abordados. O primeiro é o Eu pessoa física material, o Eu organismo que perambula pela Terra, esse pode ser tranquilamente preservado. O segundo Eu é o Eu que é dito ser imaterial, que muitas vezes é referido como alma, que alguns acham ser metafísico, amorfo, indetectável, a coisa mágica que é dita estar entre os nossos olhos e na altura da testa enxergando o mundo externo, controlando nossos corpos, produzindo pensamentos e dialogando com si mesmo. Esse Eu não é imaterial, não é metafísico, nem tão pouco indetectável, afinal donde mais viria esse Eu se não do seu próprio cérebro!? Mude o cérebro, mude o Eu.
A nossa vida mental é um produto do cérebro, e somente do nosso cérebro, isso se torna especialmente óbvio quando um machuca uma certa parte do cérebro e o Eu esquece o próprio nome, e se machuca uma outra parte do cérebro o Eu perde o controle dos movimentos do corpo, se um machuca ainda uma outra parte do cérebro o Eu se torna um vegetal, e ainda se aplicarmos dano suficiente ao cérebro o Eu parece ser desligado. Isso não é de se esperar de um Eu que supostamente está além da matéria, isto é, que é metafísico, que é dito ser soberano ao nosso corpo. Toda evidência mostra que o Eu é completamente dependente do nosso corpo, afinal todas as características que o fazem ser humano, não uma, não muitas, não a maioria, todas elas podem ser prejudicadas se um receber dano cerebral suficiente. Toda sua vida mental é uma expressão do seu cérebro, mais precisamente, de todo seu sistema nervoso e ultimamente de todo seu organismo.
Por Yuri Santana
Arte por Nancy Farmer - Goddess of New Beggninings (https://nancyfarmer.wordpress.com/)
E-mail: yurisantana0001@gmail.com